segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A Ciência em Avatar

Material de divulgação. Fonte: http://www.avatarmovie.com


O filme de James Cameron é prato cheio para discussões. Pode render querelas intermináveis sobre técnica, narrativa, arte, espetáculo. Qualquer que seja a abordagem escolhida, ela encontrará argumentação teórica, filosófica ou de botequim para lhe render algumas linhas.

No meu caso, qualquer coisa que vejo ou ouço me faz pensar no meu projeto e com Avatar não poderia ser diferente. Quando vi os pesquisadores usando videolog para fazer os registros de pesquisa, comecei a viajar nas questões que me são caras.

O uso de tecnologias de informação e comunicação na prática científica é algo que vem se intensificando ao longo do tempo. Podemos dizer que, quando Vannevar Bush, em 1945, escreveu “As we may think”, o destino de práticas fundamentais ao universo científico - como as trocas informacionais, as comunicações entre pares, o processo de divulgação, as atividades de coleta, tratamento e transferência de dados entre pesquisadores dispersos geograficamente – já se atrelava ao desenvolvimento de tais tecnologias.

Porém, destacamos aqui um certo tipo de uso da tecnologia que é aquele que busca criar um espaço de reflexão e de diálogos. A tecnologia como aliada para se registrar pensamentos em mutação e idéias em movimento é algo, no mínimo, transformador. Não desconsidero com isso o papel que teve, desde sempre, o caderninho de anotações dos pesquisadores. Presença certa no campo de pesquisa e no criado mudo. No entanto, ao serem midiatizadas, as vivências da pesquisa ganham um novo status. Ao serem convertidas em dados digitais, elas ganham mobilidade, podendo trafegar mais velozmente e também por entre redes muito mais amplas que aquelas da comunidade científica tradicional.

Sendo assim, para além do encantamento com a beleza do filme (sim, eu queria morar naquela floresta colorida!), Avatar me fez pensar sobre os novos rumos da pesquisa científica neste mundo feito de fluxos e também no papel do pesquisador e da própria ciência.

Sobre essa última questão, o filme nos apresenta duas visões (e por que não, duas possibilidades) de ciência (ou do fazer científico): uma que destrói aquilo que busca conhecer e outra que se regozija por encontrar no outro um novo mundo, proporcionando não apenas conhecimento, mas sabedoria. 

Resta saber qual caminho, no mundo real, estamos a trilhar.

Um comentário:

  1. Tenho me perguntado um algo semelhante, que também está no filme: até que ponto o registro de pensamentos em construção é bom? Quando saber se a falta de maturidade vale ser registrada (é reveladora do percurso e pode ajudar a quem quer percorrer caminho semelhante) ou não (pode ser prejudicial ao "objeto" ou à imagem posterior do pesquisador). Havia acabado de escrever exatamente isso quando vim ao seu blog...

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